A presença feminina no mercado de capitais brasileiro registrou um crescimento significativo nos últimos anos. Dados divulgados pela B3 mostram que o número de mulheres investidoras em renda variável aumentou 85,6% nos últimos cinco anos. No Tesouro Direto, o avanço foi de 82,2%, ultrapassando a marca de 1 milhão de participantes.
Entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, o número de investidoras em ações passou de 1,292 milhão para 1,381 milhão — uma alta de 7%. No Tesouro Direto, o crescimento foi ainda mais acentuado: 15,04% em um ano, chegando a 1.049.097 mulheres com títulos públicos federais.
O cenário aponta para uma mudança relevante no perfil dos investidores do país. A combinação de maior acesso à informação, educação financeira e tecnologia tem incentivado o protagonismo feminino em um ambiente que, por muito tempo, foi dominado por homens.
Perfil das mulheres que investem
A maioria das mulheres que investem na Bolsa de Valores está na faixa etária entre 25 e 39 anos, somando 605.932 investidoras. Contudo, o interesse pelo investimento se espalha por todas as idades. Jovens até 24 anos já representam mais de 100 mil investidoras, enquanto mulheres com mais de 60 anos também marcam presença com 178.538 pessoas. Veja a distribuição detalhada:
- Até 17 anos: 19.476 investidoras.
- 18 a 24 anos: 84.094 investidoras.
- 25 a 39 anos: 605.932 investidoras.
- 40 a 59 anos: 493.386 investidoras.
- 60 anos ou mais: 178.538 investidoras.
Concentração regional das investidoras
A região Sudeste continua sendo o principal polo de investimento feminino no Brasil. São Paulo lidera com folga, somando 522.124 mulheres investidoras. Rio de Janeiro (149.206) e Minas Gerais (136.132) completam o pódio dos estados com maior número de participantes. Outros estados também vêm ganhando destaque:
- Paraná: 84.407 investidoras
- Rio Grande do Sul: 71.593 investidoras
Na região Nordeste, a Bahia se destaca com 48.742 mulheres, seguida por Pernambuco (32.459) e Ceará (28.916). Todos os três estados apresentaram crescimento superior a 8% em um ano. No Centro-Oeste, o Distrito Federal lidera com 43.118 investidoras, e no Norte, o Amazonas teve o maior crescimento proporcional, com aumento de 10,13% em um ano.
O que impulsiona esse avanço?
Segundo Christianne Bariquelli, superintendente de Educação da B3, o crescimento da participação feminina nos investimentos é resultado direto da ampliação da educação financeira no Brasil. “As pesquisas mostram que as mulheres tendem a se preparar melhor antes de investir, buscando diversificação e segurança”, afirma.
Outro fator importante é o surgimento de influenciadores digitais e plataformas acessíveis que falam de investimento com uma linguagem clara, objetiva e inclusiva. Esses canais têm sido fundamentais para desmistificar o universo financeiro e incentivar a participação feminina.
A facilidade de acesso a conteúdos gratuitos sobre finanças, o aumento da oferta de produtos pensados para perfis mais conservadores e a busca por autonomia financeira também explicam o crescimento significativo.
Projeções e impacto no mercado de investimentos
Atualmente, as mulheres representam 26,26% dos investidores em renda variável da B3. Com o contínuo avanço da educação financeira, espera-se que essa fatia cresça ainda mais nos próximos anos.
Especialistas destacam que o aumento da presença feminina não apenas amplia a diversidade no mercado financeiro, como também promove uma mudança cultural importante. Mais do que buscar rentabilidade, muitas mulheres veem no investimento uma ferramenta de independência, segurança e realização pessoal.
Além disso, o crescimento do público feminino pode influenciar positivamente a criação de novos produtos e estratégias voltadas para esse perfil, estimulando uma maior inclusão e competitividade no setor.